Pranto da ausência
Pranto doído da partida do ser amado
Olho e não o vejo
Fecho os olhos e o sei ausente
Partiu
Calmo e seguro
Como quem sabe que deve ir
As águas foram difíceis de alcançar
Minha inércia afastava-me delas
Mas quando aproximei-me devagar
E percebi a frescura da areia molhada
Senti que poderia aliviar minha dor
Então segui e deixei que me molhassem
Primeiro os pés
Depois o corpo
Aos poucos
As primeiras ondas eram pequenas e suaves
Depois se intensificaram
Dificultando meu andar
Mas mantive o passo
Segui em frente
Com dificuldade
Como temos que seguir na vida
Quando os que amamos partem
E deixam no coração a ausência
Nas águas de Manaíra lavei o corpo
Lavei a alma
Lavei os olhos e deles o pranto
Mas como fica impregnado na pele o seco sal
Até que seja lavado por água doce
A dor da ausência ainda fica no coração
Até que seja retirada pela doçura do reencontro
(Praia de Manaíra, João Pessoa
15 fevereiro 2014)