Malú Mestrinho

Apresentação

Olá!
Este é meu blog pessoal.

Aqui pretendo comentar sobre coisas que vi, ouvi e vivi.
Gosto de escrever e às vezes sinto um impulso de compartilhar... Como não sei exatamento com quem, resolvi criar este espaço e deixar que pessoas acessem e leiam quando quiserem.
Pretendo também escrever e trocar idéias sobre a arte do canto. Mais especificamente do canto que interpreta a música chamada erudita.

Malú Mestrinho
(em julho/2010)


sexta-feira, 31 de março de 2017

Madrigal Ars Femina

       Grupos vocais femininos tem sido uma constante na minha vida. Acho que Deus me escolheu para trabalhar com vozes femininas, o que me fez aprender bastante e tem me dado muita alegria. 
       Tive oportunidade de trabalhar com vários grupos. Os três principais, foram em lugares e épocas diferentes. O primeiro foi o Kálamo, nos anos 90, na Igreja Memorial Batista de Brasília. Éramos sete cantoras, de duas famílias muito amigas (Sylvestre e Santos). Cantamos juntas durante uns cinco anos. Eu era recém-formada na UnB, nossos ensaios eram na minha casa e lembro que era difícil manter uma disciplina, porque éramos jovens, amigas/irmãs demais... e como fazê-las me respeitarem (rs...)? Foi um grupo muito bom, que deixou história. De vez em quando, nos encontramos e lembramos com saudades das canções e planejamos nos juntar pra cantar de novo.
        Depois veio o Maria Bonita, que antes de ser Maria Bonita, foi o Grupo Vocal Feminino da UFMS. Muito diferente do Kálamo, foi um projeto de extensão que eu criei na UFMS (Campo Grande - MS). Eram alunas minhas que gostavam de cantar e... bem, há dois artigos sobre este grupo aqui no sobreCanto. Então, quem quiser saber mais, pode ler em: Grupo Vocal Feminino da UFMS e/ou  Maria Bonita. O "Maria" foi uma experiência muito boa pra mim. Nos tornamos amigas e tenho muita saudade do trabalho, do grupo e das cantoras.
       O último grupo foi o Madrigal Ars Femina, que dirigi nos últimos 3 anos, na UFCG, em Campina Grande - PB. Eu ouvi o nome "Ars Femina" em Brasília, nos anos 90... era um coro feminino da Escola de Música, regido pelo Maestro Marco Aurélio Coutinho. Achei o nome fantástico! Na época eu dirigia o Kálamo e pensei, "se um dia eu tiver um coro feminino, vou colocar este nome". Nunca cheguei a ter um coro feminino e na verdade, não sou uma regente e sim uma cantora. Por isso, estes três grupos, eu dirigi de forma participativa: cantando com elas. Tentei colocar este nome no grupo da UFMS, mas fui democrática demais e as meninas não gostaram dele... acharam muito complicado. Desta última vez, não dei opção, este seria o nome e ponto final. Funcionou, mesmo com as pessoas pronunciando errado de vez em quando... rs. As cantoras paraibanas, ao contrário das sul-mato-grossenses, gostaram de ter um nome diferente, em latim, que tinha que ser explicado. Típico da personalidade nordestina, elas gostam de chamar atenção e de ser diferente. Ou, na linguagem delas... de "se amostrar".
       O Madrigal Ars Femina surgiu da classe de Canto Coral da Graduação em Música da UFCG, em 2014, que tinha apenas 10 moças, contra 30 rapazes. Resolvemos dividir em duas turmas, pela impossibilidade de equilibrar os naipes. Começamos ensaiando a Messe Basse de G. Fauré, pois, como eu disse, nordestino não quer saber de coisa simples não... fomos logo pra um repertório elaborado, romântico, que exige muita técnica. E já nascemos com a apresentação marcada: em dois meses estreamos no Concerto da Paixão, no Mosteiro Santa Clara. A partir daí, o grupo cresceu tecnicamente e continuamos aceitando desafios, como cantar obras modernas e exigentes, passando pela estréia brasileira do Magnificat de um compositor contemporâneo holandês. Os ensaios eram dentro da aula de canto coral, mas ficávamos uma hora a mais, porque nossos planos eram altos. Trabalhamos bastante e fizemos muita música boa, da renascença à MPB. O projeto MUSAS, talvez tenha sido o ponto alto de tudo que fizemos (leia sobre em Concerto MUSAS). Nem todas as cantoras eram estudantes de canto, mas conseguimos um resultado sonoro muito bom. Passamos por formações diferentes, como sempre acontece com projetos ligados a uma disciplina acadêmica. Mas algumas cantoras permaneceram, independente de serem alunas ou não.
       Eu me despedi do Madrigal Ars Femina cantando com elas A Ceremony of Carols de B. Britten, em Brasília, em novembro de 2016. Esta viagem foi um projeto sonhado e suado, que, graças a Deus, conseguimos realizar. E foi um sucesso. Cantamos a obra na sua formação original: vozes femininas e harpa, com a excelente harpista Cristina Carvalho. O concerto foi junto com o coro Cantus Firmus Infanto-juvenil, e regido pela Maestrina Isabela Sekeff. Momento difícil pra mim... eu havia perdido meu marido há pouco mais de duas semanas. Este último compromisso do Ars Femina, me obrigou a reagir em vez de me recolher. Foi bom. Difícil, mas muito bom. Vivenciei, como nunca, a verdade de que cantar é terapêutico. Durante estes dias em Brasília, ensaiamos, fizemos o concerto, passeamos, conversamos, choramos e rimos muito juntas. Mas, tivemos que nos separar. Elas voltaram para Campina Grande e eu fiquei em Brasília. 
       Para mim, foi um privilégio dirigir o Madrigal Ars Femina, conviver e cantar com estas cantoras paraibanas lindas. É claro que nem tudo foi fácil, tivemos várias dificuldades, mas o saldo foi super positivo. 
       A tragetória do Madrigal Ars Femina foi a mais curta destes grupos que mencionei. Mas, não posso negar, que, por sua intensidade e seriedade (imposta pelo ambiente acadêmico ao qual estava ligado), foi o grupo que mais se desenvolveu tecnicamente e musicalmente e, por isso, o que me trouxe mais gratificação. Saudades? Atrozes e excruciantes... 
       Queridas cantoras do Madrigal Ars Femina, obrigada pela parceria destes três anos. Obrigada por trabalharem e cantarem comigo. Obrigada pelo carinho, pela compreensão e por este abraço tão gostoso e inesquecível. 
       Somos todas Marias
       Somos todas MUSAS
       Somos todas cantoras
       "Somos todas sopranos" (piada interna)
       Transeamus

       Um xero, 

       Malú












6 comentários:

  1. Quem dera poder ouvir de novo o Ars Femina ou Kálamo...

    Muitas boas lembranças

    Bjs

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    1. Que lindo receber um comentário da minha filhamada, que conheceu os três grupos. Assistiu a ensaios e apresentações, sempre com postura crítica, fazendo comentários que sempre me ajudaram. Um dia vanmos ouvir juntas em casa as gravações antigas... quem sabe. Te amo. <3

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  2. Saudades suas também Malú! Como pro, cantora e amiga. :)

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    1. Oi Marjorie, quanto tempo! Também tenho saudades de vocês e daqueles tempos da UFMS. Foi uma experiência muito legal o Maria Bonita. Obrigada por vir aqui e comentar...
      Um grande abraço pra ti. Vindo a Brasília, não deixe de me procurar.
      Deus te abençoe.

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  3. Só conheci o Maria Bonita e tenho muitas saudades. Bjo Malu e Had.. Saudades de vcs também, são muito queridas e especiais.

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    1. Oi Eduardo, muito obrigada por ler e comentar. Que bom que estamos um pouco mais perto agora... Um grande abraço pra ti. Até breve.

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