Malú Mestrinho

Apresentação

Olá!
Este é meu blog pessoal.

Aqui pretendo comentar sobre coisas que vi, ouvi e vivi.
Gosto de escrever e às vezes sinto um impulso de compartilhar... Como não sei exatamento com quem, resolvi criar este espaço e deixar que pessoas acessem e leiam quando quiserem.
Pretendo também escrever e trocar idéias sobre a arte do canto. Mais especificamente do canto que interpreta a música chamada erudita.

Malú Mestrinho
(em julho/2010)


quinta-feira, 27 de junho de 2013

Canções de Amor

    Estou estudando novamente um repertório que gosto muito: as Canções de Amor de Claudio Santoro e Vinicius de Moraes, que cantarei na íntegra, no Festival de Música de Campina Grande semana que vem.
     São 13 canções ao todos: dois cadernos (1ª e 2ª séries) com o nome "Canções de Amor" e as Três Canções Populares, que foram editadas depois. Foram escritas entre 1957 e 1958. 
Tudo começou num encontro entre Santoro e Vinícius em Paris, em 1956. O compositor mostrou ao poeta seus prelúdios para piano. Vinícius gostou das melodias e colocou letra em algumas delas. Ele gostava de trabalhar assim: ouvir a melodia e criar poesia para a música. Ao contrário da maioria das canções, que são feitas a partir da poesia, o compositor baseando-se nos versos para criar a música, as Canções de Amor são diferentes. Porque Vinícius era diferente. Com outros parceiros, de música popular, ele também preferia trabalhar assim. Aliás, acho que ele se divertia colocando letra em melodias. Isso pode ser percebido em "Rancho das Flores", que ele escreveu sobre a melodia de "Jesus meine bleibet freude" (Jesus alegria dos homens), da cantata 147 de J. S. Bach. http://letras.mus.br/vinicius-de-moraes/114917/.
       É interessante lembrar que algumas destas canções foram antes prelúdios para piano. Aliás, são lindos os prelúdios de Santoro. Tanto os que viraram canções como os que não. Nem todas as canções vieram dos prelúdios. Algumas já nasceram como canções. Mas todas têm em comum o tema da dor de um coração triste pela distância do seu amor. O sentimento da ausência e a saudade estão presentes em todo a obra. São tristes e lindas as canções... 
       A melhor gravação do ciclo (em minha opinião) é a do tenor Aldo Baldin, com Lilian Barreto, de 1983, que foi supervisionada pelo próprio compositor. Infelizmente está esgotada.
      Tive o privilégio de ser aluna  de Claudio Santoro na UnB, na década de 80, em harmonia e composição. Lembro dele com carinho. Era sempre muito simpático, andava com seu chapeuzinho. Ele já estava cansado de dar aulas, coisa que fez a vida inteira. Em sala de aula, contava histórias de sua vida, dava conselhos. E quem quisesse mostrar exercícios, ele corrigia, dava sugestões. Lembro muito de ir ao teatro assistir ensaios e concertos da orquestra regidos por ele. Cantei no coro o seu Requiem, regido por ele em 1986. Quando ele morreu, foi um choque pra mim. Lembro que chorei muito. Sobre sua morte há um fato interessante. Ele dizia que nunca se aposentaria, queria morrer trabalhando, fazendo música. E teve um infarto regendo um ensaio da orquestra. Caiu do pódio com a batuta na mão e não resistiu. É bonito e triste ao mesmo tempo. Como as canções de amor...
      Fiz meu trabalho final do Curso de Especialização na UnB (2002) sobre estas canções. Foi quando cantei pela primeira vez as 13, com Vania Marize ao piano. Depois, em 2004, as fiz novamente num concerto na Escola de Música de Música de Brasília, com Gisele Pires. No Curso Internacional de Verão da EMB de 2007, participei de um concerto muito especial, com a família Santoro. Eu e André Vidal cantamos as canções com o Alessandro Santoro (filho do compositor) ao piano. E Gisele Santoro (viúva de Santoro) coreografou algumas canções e seus alunos de ballet dançaram, enquanto cantávamos. Foi muito lindo. "Jardim Noturno" foi uma das que eu cantei, junto com um lindo pas de deux. Lembro de D. Gisele na primeira fila da platéia chorando. Depois ela me abraçou longamente. Nunca vou esquecer... Talvez por este momento tão especial, Jardim Noturno é a minha preferida. O poema diz:
"Se meu amor distante
Eu sou como um jardim noturno
O meu silêncio é o seu perfume
A se exalar em vão dentro da noite
Oh volta minha amada!
A morte ronda em teu jardim as rosas tremem
E a lua nem parece mais lembrar de mim."

       Quando cheguei a Campo Grande, 2009, fiz um recital com Marcus Medeiros, onde também fizemos estas canções. Esta será, portanto, a quinta vez que cantarei esta obra completa. Gosto de reestudar coisas que já cantei antes e repensar a interpretação, descobrir coisas novas...
Será um prazer cantar as Canções de Amor novamente.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Pensando sobre o movimento "Vem pra rua"

E de repente, eu que tenho três postagens já rascunhadas com assuntos mais dentro da proposta deste blog, precisando de revisão para publicar, venho falar de outro assunto. O assunto que está no ar, que me faz pensar, orar, me importar. E por fim me move a escrever.
O movimento "Vem pra rua". Porque quero me posicionar também. E não quero escrever no Facebook, porque lá o que se escreve é descartável. Hoje então, o post em alguns minutos já vai lá pra baixo da timeline e ninguém mais vê. Aliás, tenho lido bastante o Facebook nos últimos dias para saber como anda o movimento. Acho lindo ver o povo na rua. Muita gente sincera, com vontade de construir um futuro melhor. De ver uma sociedade mais justa. De clamar contra a corrupção institucionalizada da política brasileira.
E penso qual o meu papel? Tenho vontade de ir pra rua também. E vou.
Aliás, não será a primeira vez. Fiz passeata, nos meus tempo de UnB, início dos ano 80. Lembro de uma caminhada pacífica pela L2 norte, contra a ditadura e a imposição do reitor. Neste dia, aspirei gás lacrimogênio, que foi jogado em nós por policiais a paisana, infiltrados no meio dos estudantes.
Também quero um país melhor. Quero justiça. Quero o fim da impunidade.
E me sinto pequena diante de tudo isso. O que posso (podemos) fazer?
Pergunto para Deus. Sim, eu oro! Sou cristã convicta. E tenho dito, para quem me pergunta, que esta insatisfação com a injustiça tem tudo a ver com o cristianismo. Nós, mais do que ninguém temos que trabalhar pelo bem comum, pela paz, pela justiça social.
Oro e Deus responde, fala comigo pela Sua Palavra (Bíblia) e o que leio me mostra que tem que começar em mim. Reflito e percebo que tenho que cuidar da minha atitude como cristã e cidadã. Trabalhar bem, ser honesta. Primar pela ética. Amar os que convivem comigo. Meus alunos, jovens (lindos e sonhadores) que o Senhor me deu o privilégio de ensinar. Aceitar o outro, que pensa diferente de mim. Aceitar e amar (!!!). Sim, até aquele que fala mal de mim pelas minhas costas (e eu sei). Este amor é o mais difícil de exercitar. Mas, foi o meu SENHOR que mandou. Tenho que amar e perdoar até quem me odeia... Deus me ajude!
Hoje li o capítulo 29 de Provérbios, por causa de um post que compartilhei com o versículo 4. O amigo Dib Franciss sugeriu que eu postasse inteiro. Faço-o aqui. Várias partes têm muito a ver com o que estamos vendo, destaco algumas:

"1 Quem é repreendido muitas vezes e teima em não se corrigir cairá de repente na desgraça e não poderá escapar.
2 Quando os honestos governam, o povo se alegra; mas, quando os maus dominam, o povo reclama.
3 O filho que ama a sabedoria é o orgulho do seu pai. Quem anda com prostitutas desperdiça tudo o que tem.
4 Quando o governo é justo, o país tem segurança; mas, quando o governo cobra impostos demais, a nação acaba na desgraça.
5 Quem bajula os seus amigos está armando uma armadilha para si mesmo.
6 Os maus são apanhados na armadilha dos seus próprios pecados, mas os honestos andam livres e felizes.
7 A pessoa correta se interessa pelos direitos dos pobres, porém os maus não se importam com essas coisas.
8 Os que zombam de tudo põem uma cidade inteira em confusão, mas os sábios mantêm tudo em paz.
9 Quando um homem inteligente discute com um tolo, este somente ri, xinga e causa confusão.
10 Os assassinos odeiam as pessoas direitas, mas os bons protegem a vida delas.
11 O tolo mostra toda a sua raiva, mas quem é sensato se cala e a domina.
12 Quando um governador dá atenção a mentiras, todos os seus auxiliares acabam se tornando maus.
13 O pobre e aquele que o explora só têm uma coisa em comum: o SENHOR Deus lhes deu olhos para verem.
14 As autoridades que defendem o direito dos pobres governam por muito tempo.
15 É bom corrigir e disciplinar a criança. Quando todas as suas vontades são feitas, ela acaba fazendo a sua mãe passar vergonha.
16 Quando os maus estão no poder, o crime aumenta; mas as pessoas honestas viverão o suficiente para ver a queda dos maus.
17 Corrija os seus filhos, e eles serão para você motivo de orgulho e não de vergonha.
18 Um país sem a orientação de Deus é um país sem ordem. Quem guarda a lei de Deus é feliz.
19 Não adianta nada corrigir um escravo somente com palavras porque, mesmo que ele entenda, não obedecerá.
20 Há mais esperança para um tolo do que para uma pessoa que fala sem pensar.
21 O escravo que é mimado desde criança um dia vai querer ser dono de tudo.
22 A pessoa de mau gênio sempre causa problemas e discórdias.
23 O orgulhoso acaba sendo humilhado, mas quem é humilde será respeitado.
24 O companheiro de um ladrão é o pior inimigo de si mesmo. Se ele disser a verdade no tribunal, será castigado; se não disser, Deus o amaldiçoará.
25 É perigoso ter medo dos outros, mas confiar no SENHOR dá segurança.
26 Todos querem agradar às pessoas importantes, mas o SENHOR dá o que cada um merece.
27 Os homens direitos não toleram os maus, e os perversos não toleram os que vivem honestamente."
Clamo a Deus, para que ELE aja com poder sobre esta nação, sobre o povo e sobre os líderes. Que haja sabedoria, que haja PAZ.
Peço a Deus que proteja as pessoas nas ruas, pois temo o efeito da "massa" que não pensa e acaba fazendo bobagem. Temo as ações de baderneiros e vândalos misturada aos protestos pacíficos.
E peço a Deus que esta multidão cheia de esperança não seja instrumento de outros interesses. Que o povo não seja manipulado, como já foi antes.
Por fim, que Deus me ajude a ser uma boa cidadã . Que com meu trabalho -- sim, com a música, com o canto e com o ensino -- eu possa fazer a minha parte na sociedade, servindo a Deus e ao meu próximo. Trabalhando por um Brasil melhor.