Malú Mestrinho

Apresentação

Olá!
Este é meu blog pessoal.

Aqui pretendo comentar sobre coisas que vi, ouvi e vivi.
Gosto de escrever e às vezes sinto um impulso de compartilhar... Como não sei exatamento com quem, resolvi criar este espaço e deixar que pessoas acessem e leiam quando quiserem.
Pretendo também escrever e trocar idéias sobre a arte do canto. Mais especificamente do canto que interpreta a música chamada erudita.

Malú Mestrinho
(em julho/2010)


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sobre música ...

"An die musik"; manuscrito de F. Schubert
Não tem jeito, música para mim tem que ter melodia.
Tem que ter um "tune", algo que a gente possa catarolar. Tudo bem, o ritmo é importante, mas sem melodia, para mim (permitam-me ser bem pessoal...) falta algo.
O conceito do que é música hoje é bastante aberto. Não é mais o do dicionário, a tradicional "arte de combinar os sons de modo agradável ao ouvido humano".
Pesquisas extrapolam isso, desconstruindo o som. Filtram, deformam, elaboram o som, explorando e criando timbres. Tudo bem, legal. Mas, do jeito que eu entendo música, tem que ser algo que se cante.
Eu sei, bem previsível para uma cantora... rs
Mas, já que na pós-modernidade, temos tantas e diversas tendências, escolho a tradicional.
Podem me chamar de retrógrada, já fui chamada antes. Aguento. Prefiro receber a crítica e assumir que p'ra mim música é muito mais do que algo que se entende intelectualmente. Tem que tocar a alma, como diziam os antigos gregos e os renascentistas que os tentavam imitar. A alma e não apenas a mente.
Eu não usufruo música apenas intelectualmente. Aquilo que só pode ser usufruído intelectualmente, para mim, desculpe, não é música. Posso até analisar intelectualmente e entender, porque estudei para isso. Mas, não quero absorver apenas a compreensão de uma estrutura, de um padrão, de uma forma.
Se for só isso, fica frio.
E música é vida...
Quero muito mais da música.
Quero sentir a música
Quero viver a música
Quero cantar!!!
Aliás, depois de muito pensar e analisar diferentes formas de expressão musical, percebo que o momento mais forte da música é a performance. É ali, no palco, que se concretiza o que de melhor existe nesta arte. Ouvir um CD pode ser legal, pode até emocionar. Mas, não se compara com o momento mágico em que, mesmo com erros, o músico dá o que tem de melhor para oferecer: sua música.
Então, permitam-me: continuarei "colocando o meu pinguim em cima da geladeira". Continuarei, feliz, fazendo música acústica e aquela que se canta...
"Não, diversas vezes não
Não há porque negar
Não uso da razão
Na hora de cantar
E é mesmo o coração quem rege o meu compasso
Não, não sou tão racional
Como era de esperar
E a lúcida palavra que eu iria dizer
Transforma-se num sopro em pura intuição
E por qualquer razão
Eu fico à mercê
P'ra onde dessa vez meu coração vai me levar"

(O mesmo coração, O. M.)

Malú

domingo, 1 de agosto de 2010

Villa-Lobos

Estou tendo o prazer de cantar a bela "Canção de amor", de Heitor Villa-lobos, pela 1ª vez, com violão. É diferente de cantar com piano... como é linda!
Faz parte das canções do Poema Sinfônico "Floresta amazônica". São todas lindas. Um dia ainda canto as quatro num recital...
Sempre que estudo/canto algo dele, fico pensando na personalidade selvagem, idealista, nacionalista, experimentalista que ele tinha... Gosto muito das suas canções. Algumas estranhas... difíceis. Nem tudo é genialidade. Mas, respeito muito.
Pena que nem tudo deu certo! Se o Canto Orfeônico tivesse permanecido, o Brasil seria outro: mais musical, com uma cultura mais bem preservada.
Ave Villa!

Transcrevo aqui parte de um discurso dele, que dá uma amostra do que ele pensava sobre música e arte:

"Meus amigos,

É possível que as palavras dêem a dimensão exata - se é que existe exatidão - da emoção que nós sentimos quando ouvimos música? É possível que esta ou este, aquela ou aquele, possam compôr discursos a fim de imitar, com palavras, o turbilhão de emoções - a lembrança de coisas boas e ruins, o choro, a morte e a vida - que a música nos proporciona?
Uns podem dizer que sim, outros que não...que importa? Minha opinião é de que a arte responde a qualquer questionamento, com ou sem palavras. A arte é tão poderosa que intercede e responde por tantas vidas. Eis aqui um documento de palavras, de um homem que sempre se comunicou com música, e que, com esta ou aquelas, conseguiu o poder para destruir as barreiras do passado, as barreiras da morte, para nos transmitir a arte da vida, o amor por uma pátria."