Malú Mestrinho

Apresentação

Olá!
Este é meu blog pessoal.

Aqui pretendo comentar sobre coisas que vi, ouvi e vivi.
Gosto de escrever e às vezes sinto um impulso de compartilhar... Como não sei exatamento com quem, resolvi criar este espaço e deixar que pessoas acessem e leiam quando quiserem.
Pretendo também escrever e trocar idéias sobre a arte do canto. Mais especificamente do canto que interpreta a música chamada erudita.

Malú Mestrinho
(em julho/2010)


sábado, 9 de junho de 2012

Sobre canto coral

Cantata - Armando Barrios
Cantar em coro faz parte da vivência do cantor.
Como boa batista, cantei em coro desde pequena. Na igreja batista tem (ou pelo menos tinha...) o coro infantil, o coro de adolescentes, de jovens, de adultos e outros... Cresci ouvindo coro e cantando em coros. Ainda adolescente participava do coro principal das igrejas, pois ia com meus pais aos ensaios.
Depois que passei a estudar música, além de cantar, regi coros, fui pianista e preparadora vocal de vários coros.
Mas, durante algum tempo, cansei de coro. Cantei profissionalmente por vários anos em coros e isso leva a uma postura utilitária, proletária, funcional para o cantor. Perdi o encanto pelo canto coral... e pra mim, canto sem encanto não funciona. Abusei! Não queria nem ouvir falar! Lembro de me incomodar em ter que participar de eventos com coro, e não querer nem ouvir coros!

Passou... Estou curada. Acho que foi o painel de regência coral da Funarte, que trouxe Samuel Kerr e Izaíra Silvino a Campo Grande ano passado, a dose final do remédio de cura. Olhando para trás, vejo que devo muito da minha formação como cantora e musicista ao canto coral. Na verdade foi a partir de um coro que resolvi estudar música e depois canto na universidade. Foi no coral da UnB, onde cantei entre 1982 e 1984. Nelson Mathias, grande maestro coral, fazia mágica com aquele grupo de jovens inexperientes, mas cheios de vontade de fazer música cantando. Aprendi com ele sem ter aula... Com suas atitudes, palavras, gestos, com o som que ele extraia do coro. Larguei o curso de letras pelo de música e depois troquei o piano pelo canto...
O canto coral é fundamental na formação de qualquer músico. Muito mais na de uma cantor. Todo cantor deve cantar em coro. O prazer de realizar obras sinfônico-corais com orquestra, num bom coro, com um bom maestro é único. Lembro da emoção de cantar a Missa em Si m de J. S. Bach no coro da Escola de Música de Brasília, quando estudava na UnB. Maestro Gerald Kegelmann. Inesquecível! Talvez por ter sido a 1ª grande obra coral que cantei.
Mas é o canto coral a capela que mais me agrada. Vozes unidas em harmonia perfeita, sem interferência de instrumentos...
Já ouvi de alguns cantores que não cantam em coro, pois estudaram para serem solistas. Acham que cantar em coro é atividade secundária. Engano. O bom cantor tem que saber moldar seu som para cantar em grupo. Tem que saber fazer bem música de câmara e coral. Voz é instrumento e quem domina seu instrumento, tem que saber manejá-lo conforme o contexto. A relação do cantor com um coro é proporcional à de um violinista/instrumentista com uma orquestra. É onde ele desenvolve afinação, percepção, dinâmica, articulação, fraseado em conjunto. Aprende a ouvir e moldar seu som no contexto do grupo. 
Recomendo a todos que querem cantar bem e dominar seu instrumento/voz, em qualquer estilo: CANTE EM CORO!

4 comentários:

  1. Então, Malu... a sua cura se deu com as mesmas pessoas que direta, ou indiretamente foram responsáveis pela minha conversão. Izaíra Silvino, grande educadora, responsável pelo movimento coral no qual eu me inseri no início dos anos 90; e Sameul Kerr, autor de tantos arranjos que eu cantei.
    Assim como você, eu era um aluno de outra coisa na universidade... agronomia... e pelo canto coral virei músico, larguei o curso de agronomia, graduei em música, mestrei, e hoje continuo cantando e vivo muito feliz com minhas escolhas. O canto coral foi fundamental para que eu me tornasse o músico e o professor que sou hoje. E viva o Canto Coral

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    1. Oi Malu!

      Tambem comecei minha vida musical com canto coral, no coral da Escola Tecnica Federal do Ceara com a grande professora, maestrina e segunda-mae Angelica Ellery. Dai entrei na Universidade Estadual do Ceara para estudar Licenciatura em Musica, nao teve jeito. Foi do coral para a universidade. Cantei como solista, alem de tocar percussao, musica medieval, renascentista e barroca, no Grupo Syntagma. Acabei saindo do meio coral, depois de cantar tantos arranjos legais da nossa musica brasileira. Mas, em 1997, quando fui a Brasilia pela primeira vez para participar do CIVEBRA, tive a oportunidade de cantar Nanie, de Brahms e o Choros No. 10, de Villa-Lobos. Fiquei em estado de graça por um bom tempo e ainda fico em estado de graça cada vez que eu ouço as duas peças.

      Agora estou quase terminando meu mestrado em canto erudito e estou participando de dois corais como parte das disciplinas, sendo que o University Chorus eh uma disciplina obrigatoria que eu tenho que fazer por causa do contrato que eu assinei ao aceitar minha bolsa. Nao poderia ter recebido um presente melhor. Ambos os corais sao regidos pela professora Dra. Meg Frazier, profissional competentissima, que sabe mostrar autoridade sem autoritarismo e faz a gente gostar de cantar em coral. Acabamos de fazer o Carmina Burana e, no semestre anterior, cantamos o Requiem de Mozart, sendo que eu fiz um dos solos de contralto. O interessante nessas peças com solos eh que ela da chance a varios cantores a fazer os solos o que eh bom para os estudantes. Iniciativa que deveria se estender aos coros universitarios do Brasil para que os alunos de cantos comecem a se acostumar a cantar tambem como solista.

      No outro coral que eh chamado de University Chorale, o repertorio eh mais variado, indo do erudito ao popular. Nao vejo a hora de retornar as aulas - que serao so em setembro - para poder voltar a cantar nesses coros.

      Um beijao!

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    2. Betinho querido, que alegria ter um comentário seu no sobreCanto! Obrigada! Pois é, temos experiências parecidas... Saudades de cantar com você!
      Adorei o "mestrei", neologismo típico de cearenses.
      Te amo.
      beijos

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    3. Mirella, companheira de muitos cantos. Obrigada por sempre ler e deixar seus depoimentos no sobreCanto. Que legal esta oportunidade de você tem de ser "obrigada" a cantar para ajudar a pagar seu mestrado!
      Um beijo.

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