Hoje tive a responsabilidade de trazer a mensagem no culto da Primeira Igreja Batista de Campina Grande, onde congrego há um ano. Tarefa difícil, porque nova. Estou acostumada a falar, mas nunca tinha assumido o púlpito num culto. Estamos no mês da música e o ministro de música, meu amigo/irmão/aluno Ulisses Azevedo, me deu esta incumbência.
Para não me perder, escrevi o que queria falar. Escrever me ajuda a sistematizar idéias. Parte do que escrevi é um testemunho sobre como fui direcionada por Deus para o canto. É o que posto aqui.
"Fui chamada a cantar.
Todos nós temos um chamado de DEUS. Não pense que você é exceção. Não pense que chamado é só para pastores e missionários. TODOS temos um chamado específico, para realizar alguma coisa: orar, aconselhar, criar filhos, ensinar, desenvolver uma habilidade.
Bem, eu fui chamada para a música, e para o canto. Tenho convicção disso.
Há um tempo atrás, fazendo o curso de crescimento cristão “Conhecendo Deus e fazendo sua vontade”, fui levada a um exercício interessante: reconhecer ao longo da vida, "marcos" em lugares (momentos) importantes. Como o povo de Israel e os povos antigos faziam: deixavam marcas, colocavam pedras, pra se lembrarem: “aqui o SENHOR nos livrou”, "ali o SENHOR nos abençoou"... Marcavam momentos e lugares em que experimentaram a mão de Deus agindo. "Marcos memoriais", para não esquecer. Fomos orientados a fazer o mesmo: olhar para trás e perceber onde DEUS tinha agido de forma clara e usado pessoas (pedras vivas) para nos ensinar, orientar. E eu pude ver, perceber, como DEUS realmente me levou, desde pequena a fazer música e depois canto.
Meu primeiro MARCO é minha família. Nasci numa família onde a música tem muito valor. Meus pais, meus tios estudaram música. Havia piano nas casas dos meus avós, tanto Mello como Mestrinho. Meu pai foi pianista e organista, tocou nas igrejas de sua juventude. Eu lembro muito de meu pai tocando piano em casa. Tocava de cor uns prelúdios e estudos românticos. Minha mãe toca até hoje. Ela não pode estudar muito formalmente, mas com o pouco que estudou, desenvolveu bastante, pois é muito musical. Regeu coros em várias igrejas e compõe hinos e canções. Toca violão, sem nunca ter estudado. Meu pai passa o dia ouvindo música de concerto. Ele gosta dos românticos. Se você chegar na casa dos meus pais, pode ter certeza, que ele está lá fazendo palavras cruzadas e ouvindo Tchaikovsky, que é seu preferido. Eu, meu irmão e meus filhos conhecemos as sinfonias de Tchaikovsky. Não sabemos diferenciar uma da outra. Se é a 4ª ou a 7ª, mas se ouvimos no rádio, ou num filme, reconhecemos quando é Tchaikovsky. De tanto ouvir, desenvolvemos um “radar”. Já aconteceu de eu e Hadassa estarmos vendo um filme e começar a tocar uma música na trilha sonora... a gente olha uma para a outra e começa a rir: é Tchaikovsky. Ele ouve outros compositores também: Chopin, Rachmaninof, Beethoven, Mahler, sempre os românticos ... Mas, o preferido é Tchaikovsky. Já minha mãe gosta do barroco. Lembro de cor alguns concertos grossos de Vivaldi, de tanto que ouvi. É uma herança maravilhosa que tenho deles: aprendi a valorizar a boa música.
Comecei a estudar piano aos 5 anos. Tinha uma vizinha que tocava e minha mãe me colocou para fazer aula. Não tinha piano em casa. Na minha caderneta vinha escrito: “estudar na ponta da mesa”. Eu fazia os exercícios imaginando um teclado na mesa. Com 9 anos meus pais compraram um piano usado. Tocar piano foi minha atividade preferida em casa, durante anos. Adorava sentar e ler músicas novas, estudar...
Comecei a estudar piano aos 5 anos. Tinha uma vizinha que tocava e minha mãe me colocou para fazer aula. Não tinha piano em casa. Na minha caderneta vinha escrito: “estudar na ponta da mesa”. Eu fazia os exercícios imaginando um teclado na mesa. Com 9 anos meus pais compraram um piano usado. Tocar piano foi minha atividade preferida em casa, durante anos. Adorava sentar e ler músicas novas, estudar...
O segundo "marco" foi a Primeira igreja Batista de Copacabana, onde congreguei na adolescência. Lá várias pessoas (pedras vivas) me influenciaram. Músicos que eu admirava. Minha professora de piano nesta época, Dione Pereira Vasconcelos era da igreja. Eu ia a casa dela em Copacabana fazer aulas. Ela era muito paciente, atenciosa e conversávamos muito... Ela me ensinava a tocar hinos do cantor cristão e cânticos, além das peças de piano. Pr. Bill Ichter, missionário americado que regia o coro da igreja, foi outra influência. Lembro que a 1ª vez que toquei um hino num culto, toquei muito mal. Me atrapalhei, nervosa, não consegui acompanhar a regência. Depois do culto, ele veio me elogiar. Eu sabia que não tinha tocado direito, e que não merecia o elogio. Mas, ele elogiou assim mesmo, para me incentivar. Nunca esqueci... Outra pessoa foi Rizemar Confessor. Era pianista e cantora. Cantava de um jeito estranho para nós adolescentes da igreja. Porque cantava com a voz "colocada". Eu achava lindo! Queria ser igual a ela. Os 3 foram usados por Deus como referências para mim.
O terceiro "marco" foi a UnB. Comecei a fazer o curso de Letras. Mas, Deus tinha outros planos. O Coral da UnB, regido por Nelson Mathias me fez perceber que o que eu queria fazer era música. Fiz outro vestibular, desta vez para piano. Entrei no curso de música como pianista, mas por várias razões, acabei trocando para o bacharelado em canto. Tudo plano de Deus. Nada é por acaso... Vários professores ali foram referência para mim. O ambiente universitário até hoje me encanta pela busca do conhecimento. Deus sempre me fez "voltar" para a universidade. Cada vez uma diferente e em situações diferentes... mas nunca consegui ficar longe da academia.
Zuinglio Faustini foi "marco" em minha vida. Meu primeiro professor de canto, com quem me formei na UnB e cuja técnica uso até hoje em minhas aulas. Viu em mim um potencial que nem eu sabia que tinha. Foi muito exigente comigo. Saí chorando da sala dele algumas vezes... Me incentivou muito. Exigiu que eu fizesse um concurso que eu achava que não estava preparada. Acabei sendo chamada para a 2ª vaga nele e assumi meu primeiro trabalho como docente, na Universidade Federal de Uberlândia. No último ano do curso, tive o prazer de cantar ao lado dele em vários concertos. Que saudade do Zuinglio!
Oportunidades de trabalho foram "marcos" significativos. Deus me deu vários trabalhos, que foram oportunidades de aprendizado. Aprendi muito nos 3 anos que cantei no Coro Lírico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Nenhum curso sobre ópera, ensina tanto quanto cantar num teatro de ópera...
Aprendi ensinando na UFU, UFRJ e na Escola de Música de Brasília. Aprendi com meus colegas da música antiga a cantar um estilo que apreciava, e não achava que podia cantar. Foram tantas as pessoas que marcaram minha vida na EMB.
Fica claro para mim que Deus me chamou para aprender e depois ensinar a arte do Canto Lírico. Tive vários empregos em instituições diferentes, pedi demissão de alguns. Me mudei de cidade muitas vezes. Mas, nunca me faltou trabalho. Acabei optando mais uma vez pela carreira de docente universitária.
Hoje trabalho na Universidade Federal de Campina Grande - PB, ensinando o que aprendi ao longo desta "peregrinação". Meu ministério é cantar e ensinar jovens a utilizar melhor seu instrumento-voz. Tenho certeza que foi Deus que me trouxe até aqui. Olhando para trás, posso ver estes "marcos" que Deus usou em minha vida. Todos importantes. Agradeço a Deus por cada pessoa que me influenciou e incentivou.
Sou cantora e professora de canto, totalmente realizada. Trabalho servindo ao DEUS que me chamou para cantar.
CANTEMOS!!!
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