Malú Mestrinho

Apresentação

Olá!
Este é meu blog pessoal.

Aqui pretendo comentar sobre coisas que vi, ouvi e vivi.
Gosto de escrever e às vezes sinto um impulso de compartilhar... Como não sei exatamento com quem, resolvi criar este espaço e deixar que pessoas acessem e leiam quando quiserem.
Pretendo também escrever e trocar idéias sobre a arte do canto. Mais especificamente do canto que interpreta a música chamada erudita.

Malú Mestrinho
(em julho/2010)


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Projeto Concertos Didáticos FUNARTE - Duo de voz e violão

Eu e meu colega Marcelo Fernandes cumprimos o cronograma do Projeto Concertos Didáticos da FUNARTE, em escolas estaduais de Mato Grosso do Sul. Foram 10 escolas. Centenas de alunos nos ouviram, com atenção e interesse surpreendentes.
Privilégio... é a sensação que me vem à mente ao lembrar dos momentos em que cantei para aqueles estudantes.
Confesso que eu tinha o preconceito de que eles não iam gostar. Reflexo da idéia equivocada de que música erudita é para as elites (nem tinha noção do quanto eu acreditava nisso), o preconceito caiu por terra com a vivência neste projeto. A maioria nunca tinha ouvido o tipo de música que fizemos. E eles gostaram! Ouviram com atenção. Lembro dos rostos atentos, olhos cheios de expectativa. Alguns até marejados. Houve momentos incríveis de interação, compreensão, que extrapolam a expressão escrita.
A "Cantiga dos olhos que choram", de Frutuoso Viana, foi o ponto mais forte desta interação. Pedíamos a eles que prestassem atenção na poesia, para depois responderem à pergunta que a poesia de Guilherme de Almeida fazia. Percebia, enquanto cantava, o questionamento se movendo nas mentes, nos rostos e no espaço da sala: "Porque só os olhos choram? Porque as lágrimas moram neles só?" E era fantástico ver a expressão de vitória intelectual quando eles percebiam a resposta no verso seguinte...
O poder da música, da poesia, da arte, atingindo vidas... é maravilhoso.
Fiz dezenas de recitais didáticos na Escola de Música de Brasília. Mas, lá eram estudantes de música, numa escola de música. O clima e o significado são outros. É completamente diferente entrarmos na escola comum, que não está "preparada" para uma apresentação de música erudita e oferecermos um recital.
Gosto da palavra "oferecer" aqui. Como se fosse um presente, uma coisa boa para quem está ouvindo...
Quanto mais simples a comunidade em que a escola estava inserida, maior era  o interesse, o respeito, a atenção. É muito diferente de cantar num teatro. É tão mais vivo, mais real... Como disse o Marcelo: "É outro tipo de apresentação artística..."
Interagiamos com o ruído. Tanto os da natureza, como os urbanos. De serras elétricas e britadeiras a cantos de pássaros e chuva, passando pelos ventiladores. E é claro, sons de escola. Várias vezes o "sinal" tocou... E os meninos, obviamente, não ficaram o tempo todo quietos. Se remexiam, comentavam ... Mas, o interesse  deles se estabelecia acima disso.
Vários vinham depois conversar, comentar, perguntar...
Valeu demais!
Obrigada, Marcelo, por me convidar para fazer este projeto com você.
Agradeço a Deus esta oportunidade de aprender um jeito novo de fazer música de concerto, fora de um concerto.

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